Metrô em tempo real

6/12/2020

TTrans (Frota K - antigo Cobrasma/Francorail)

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 História da frota: Vamos contar brevemente como foi a inserção da Frota K no sistema do Metrô de São Paulo.
No meio da década de 2000 o sistema metroviário na cidade de São Paulo começou a dar sinal de colapso assim que o ingresso para o sistema foi "melhorado" com o poder do usuário usar o Bilhete Único e poder usar a integração metrô -  ônibus para assim facilitar o ir e vir da população. Um dos sinais mais evidentes e que de certa forma não seria uma novidade, foi a superlotação da linha 3-Vermelha (que vai da Barra Funda até Itaquera). Um fator determinante na queixa dos passageiros para a piora do sistema como um todo, além da lotação excedida em todos os trens da linha, era o quão calor era internamente dentro deles pois os modelos Cobrasma e Mafersa, que operaram em boa parte a linha 3 durante sua existência, em dias quentes era praticamente impossível não demonstrar desconforto com a viagem do extremo da zona leste para o centro da cidade (ou até para outra região de São Paulo). Além do calor imenso, ainda é comum a companhia usar trens estratégia para desafogar a lotação das estações intermediárias onde o passageiro não conseguia embarcar por exemplo, em um trem vindo de Itaquera, no horário de pico, e tinha que esperar um trem esvaziar em algum trecho na metade da linha e voltar vazio para enfim, conseguir embarcar e seguir seu destino. No horário de pico da tarde, também não era diferente: a estação Sé, a maior do sistema até então, as plataformas sentido leste da linha eram as mais abarrotadas comparado as outras estações e também haviam trens estratégia que saiam vazias, vindo do oeste, seguindo até a Sé e assim pegar parte dos passageiros que já não conseguiriam embarcar nos trens que já vinham saturados vindo principalmente das estações República e Anhangabaú (estações estas concentradas na zona central em áreas de maior comércio da cidade).
A Secretaria de Transportes Metropolitanos, por volta de 2007, lançou aquele que seria a bandeira de campanha do governo estadual para enfim, melhorar as linhas de metrô e trens como um todo: incluindo reforma de estações, acessibilidade, novos trens para a CPTM e Metrô, melhoria do sistema e o mais questionável: a modernização das frotas antigas do Metrô. Em 2007 o sistema metropolitano por trilhos eram operados em sua totalidade com 51 trens da frota A (modelo Mafersa com licença Budd); 25 trens da frota Cobrasma (então frota C) e 22 trens Mafersa (nomeada como Frota D). Ainda sim, a Companhia adquiriu com a Alstom, 16 trens para a operação da linha 2- Verde e que dividiria o trecho com outro modelo Alstom, o Milênio que na época tinha 8 anos de operação, ou seja, ainda considerado um trem novo. Os modelos Budd Mafersa já tinham passado os 30 anos de operação e os modelos Cobrasmas e Mafersas tinham pouco mais de 20 anos de uso e que já para os passageiros, não eram mais considerados bons trens.
Todo esse projeto como um todo que englobava uma série de melhorias como citado acima, foi chamado de "Expansão SP" e nesse plano de governo foi determinado que todos os modelos Budd Mafersa, Cobrasma e Mafersa teriam que ser reformados para dar um conforto a mais aos passageiros e que no total dessas melhorias, 98 trens seriam modernizados e voltaria como trens novos. A reforma dos trens contemplaria em todos esses modelos algo tão difícil e imaginável até então, porém era necessário a curto prazo:
  • trens com ar- condicionado
  • sistema de vigilância e monitoramento em todos os carros
  • melhoria no salão interno de passageiros (com algumas reduções nos números de acentos)
  • painéis digitas que sinalizam as estações
  • mudança no layout externo (como alteração nas máscaras e mudança nas portas)
  • sistema de freio modernizado
  • painel da cabine de operação digital (onde todo o sistema de funcionamento do trem estaria no visual do operador e em caso de problemas, seria solucionado o mais rápido possível.  
Cobrasma sem a máscara frontal sendo preparado para a modernização. Foto: Temoinsa Brasil
Por meio de licitação, ou seja, o consórcio vencedor ganharia ofertando a reforma dos trens a um valor mais baixo que as concorrentes e assim seria a responsável pelas mesmas. Segundo todos os cálculos, a reforma dos 98 trens encabeçadas em quatro consórcios ficaria em R$ 1,8 bi porém a cifra final chegou a R$ 2,5 bilhões, o que de fato gerou um questionamento: valeria a pena reformar 98 trens antigos ou comprar 98 trens novos? Ainda para complicar o processo, foi descoberto um sistema de cartel entre as empresas líderes no consórcio, ou seja, elas negociavam entre si um valor estipulado pra evitar concorrência entre elas, ou seja, as "cabeças" do consórcio estipulavam um valor "x" para a reforma já com a leniência das outras empresas concorrentes e assim a corrente seguia para outra empresa - chave do consórcio com a leniência de mais outras empresas e por aí foi. Ainda que o esquema não fora divulgado, em meados de 2008 foram definidas as empresas responsáveis pela modernização dos 98 trens das linhas 1 e 3 e seus respectivos consórcios:
  • Consórcio Modertrem (empresas Alstom e Siemens) - 25 trens da frota A
  • Consórcio BTT (Bombardier, Tejofran, Temoinsa) - 26 trens da frota A
  • Consórcio MTTrens (TTrans, MPE, Temoinsa) - 25 trens frota C
  • Consórcio Reformas Metrô (Alston, IESA) - 22 trens frota D
Para a reforma dos trens da Frota C (ou Cobrasma) todos seus 150 carros seriam mandados até a cidade de Três Rios no Rio de Janeiro e sede da TTrans para sua modernização e vale lembrar que alguns modelos da CPTM como a série 4400 (FNV/Cobrasma) também passaram por reformas em galpões da empresa carioca. Para o transporte do primeiro trem a ser modernizado em 2009, o C01 (301) o metrô utilizou o enlace da linha 3 para os trilhos da CPTM, na Estação Patio Belém, onde o 301 foi rebocado por uma locomotiva e foi transportado para a cidade fluminense, utilizando os trilhos da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, seguindo principalmente pelo Vale do Paraíba, cruzando cidades margeadas pelo Rio Paraíba do Sul (os outros 24 trens usaram tanto a ferrovias quanto as rodovias para o transporte dos Cobrasmas). 
Em 2011 enfim o antigo C01 voltou modernizado como K01 sendo o primeiro trem da linha 3- Vermelha entregue como novo (do modelo Cobrasma, só ficou a caixa de aço inoxidável que foi reaproveitada e esse era o motivo do governo estadual de dizer que as reformas dos trens foram mais "baratas" por usar uma estrutura já existente). 
O problema do trem modernizado por mais contestável, não ficou limitado ao K01 porém outro trem dessa série deu mais dor de cabeça ao metrô: o modelo K07 (antigo C07/307): esse trem foi o segundo a ser entregue pelo metrô na linha 3 porém após passar por testes que por consequência seria posto a prova na operação comercial, em 2013 esse trem sofreu um descarrilamento na entrada da Estação Palmeiras - Barra Funda causando uma paralisação de horas e que resultou em operação em apenas uma via em um dia de semana, o que sobrecarregou o sistema metroviário como um todo. Em suma, com mais frotas K entrando no sistema, a queixa do sindicato é que os operadores viam mais defeitos nele do que na época em que se comportavam como Cobrasmas. Há relatos de que 307 teve pane no fechamento das portas em uma das viagens e o detector de descarrilamento teria falhado naquele acidente de 2013 o que impediu de o operador do trem acionar o freio de emergência. 
K07 descarrilado perto da Estação Palmeiras - Barra Funda em 2013. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress
Em 2014 praticamente todos os frota K se tornaram instáveis conforme seriam posto na operação comercial. Os trens K01, K03, K15 e K19 apresentaram sinais de fumaça em seus truques já que estaria ocorrendo altas temperaturas nos freios e nas rodas dos trens. Alguns trens da série foram mandados a manutenção para a troca de rolamentos, pois segundo constava, as peças não foram trocadas quando passaram pela modernização, pois ainda eram originais da Cobrasma, causando ainda mais gastos a companhia pelas constantes falhas. Em 2017 ouve outro descarrilamento com um trem da frota K: desta vez o trem K15 saiu dos trilhos ao adentrar a estação Corinthians - Itaquera pondo a prova a eficiência de todos seus trens constantemente.
Texto: Gabriel Ferreira

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