Metrô em tempo real

3/29/2020

CRRC Qingdao Sifang 2500

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CRRC Qingdao Sifang

Hoje, finalmente depois de muito tempo, é lançado um desenho inédito dos trens da Região Metropolitana de São Paulo, tendo em vista que o último modelo entregue foi o Hyundai Rotem 9500 da linha 7-Rubi (Luz - Francisco Morato/Jundiaí). Mas antes de falar do modelo, que é inédito nas ferrovias paulistas, temos que falar do seu local de operação, a linha 13-Jade. Há 20 anos, havia necessidade de levar transporte de passageiros para a segunda maior cidade de São Paulo, Guarulhos. Vale lembrar que Guarulhos perdeu sua principal ferrovia na metade da década de 1960 (quem se lembra do Trem das Onze do Adoniran?), pois é, o trem do Jacanã tinha um ramal até Guarulhos onde na praça IV Centenário existia a antiga estação final da linha utilizada por passageiros e outra parte do trecho, na mesma praça até a Base Aérea de São Paulo, onde está o atual Aeroporto, que nem se quer tinha sido construido. Desde então, Guarulhos ficou sem trens e sua ligação com a cidade de São Paulo dava-se por linhas intermunicipais que predominavam toda cidade. Ainda sim foi construido um corredor da EMTU que liga o bairro de Vila Galvão até o Terminal Taboão (este corredor Metropolitano da EMTU só funciona dentro da cidade de Guarulhos, o que difere dos demais corredores em que há ligação de dois ou mais municipios. Ainda falta um trecho dele que compreende do bairro Vila Galvão até a estação Tucuruvi do Metrô, mas para construir essa parte, haveria de fazer interdições e consequentemente demolições no trecho, alargamento de avenidas e etc, o que por enquanto não está nos planos do governo estadual). E pra quem quiser saber o trajeto do antigo trem de Guarulhos, basta seguir a linha principal do corredor, 802 (Metrô Tucuruvi - Terminal Taboão) que ela passa por 90% do trajeto do antigo ramal.

Antiga estação Guarulhos. Fonte: https://www.estacoesferroviarias.com.br/g/guarulhos.htm
No começo dos anos 2000, o governo estadual estava com planejamento de levar uma linha de trem até Guarulhos, mas a linha específica teria que atender o Aeroporto que não tinha serviço algum de rede de trilhos e era necessário que a segunda maior cidade do estado no que tange a população, teria a necessidade de um serviço de massa. O trajeto em sí aproveitaria parte do trajeto da Variante Poá (utilizada em parte pela linha 12-Safira) e de um certo ponto seria construído o restante até o Aeroporto de Guarulhos, isso num prazo de entrega até 2004. Como sabemos, o projeto não foi a frente e em 2007 via-se a necessidade novamente de se ter uma linha até o Aeroporto de Guarulhos. Vale lembrar que nessa época foi divulgada pelo Governo do Estado o projeto Expansão SP, que visava a criação de novas linhas, modernização do sistema, trens novos ( e nesse pacote entrou a modernização de trens do Metrô e da CPTM) e nessa, Guarulhos ganharia outro transporte em massa, agora seria a extensão da linha 2-Verde que teve seu projeto alterado após o governo estadual decidir que o recém estudo do monotrilho da linha 15-Prata entraria no lugar do projeto original da linha 2 (o trajeto sairia da estação Vila Prudente, atravessaria o bairro do Oratório, Vila Formosa, Aricanduva, Penha, entraria na divisa de Guarulhos e teria sua estação final no Shopping Internacional). 
Em 2009 o projeto saiu do papel e foi previsto, teoricamente, que a nova linha seria entregue até a Copa de 2014, maaaas como sabemos, os atrasos vieram, investidores privados não estavam interessados no projeto, o governo federal já não tinha capacidade de manter a verba para as obras e assim não saiu do papel (assim como muitas obras que pararam e o legado da Copa foi para o ralo). Isso porque não levamos em consideração também que o adiamento da obra se deu porque o então governo federal pensara em uma linha de alta velocidade, que ligaria a cidade do Rio de Janeiro (antiga estação Mauá, no bairro Cidade Nova), passaria em São Paulo (Em Guarulhos e na capital pelo Campo de Marte), Jundiaí, Viracopos e por fim Campinas. 
Em 2015, já passada a Copa, o governo estadual conseguiu iniciar o projeto via verba do PAC e começou as obras desde então. O trecho construido começou a se desenvolver a partir da Estação Engenheiro Goulart, da Linha 12, que por sinal, foi desativada por bastante tempo pois teria de haver uma nova construção para fazer uma estação integrada das duas linhas. A primeira parte do trecho se dá por superfície até que perto do CT Joaquim Grava, do Corinthians, a via ganha forma elevada e assim prossegue até a Estação final (o trecho elevado passa sobre o Rio Tietê, Rodovia Presidente Dutra e Helio Smidt). 
Se a intenção era para a linha ir até o Aeroporto de Guarulhos, o que de fato vai até lá, na prática foi totalmente complicada. A GRU Airport, empresa privada que administra o aeroporto não concordou que o governo deveria entrar em suas áreas de operação para instalar uma estação de trem e todo o planejamento de levar o trem até o Aeroporto, em parte, foi alterada.
Em março de 2018 foi então inaugurada a segunda linha construída pela CPTM, porém a primeira que ela realmente operou, pois para quem não sabe a primeira linha construida pela CPTM fora a linha 5-Lilás (que até na época foi chamada Linha G, quando as letras do alfabeto designavam as linhas de suburbio) porém sabemos que houve uma parceria, na qual ela construiu a linha mas quem operou efetivamente foi o Metrô e que agora está nas mãos da Via Mobilidade desde 2018. Foram inauguradas em horários limitados todas as estações: Engenheiro Goulart (integração com a linha 12-Safira), Guarulhos-Cecap (em integração com o terminal Metropolitano de mesmo nome) e a estação Aeroporto-Guarulhos (onde do lado oeste teria integração com o Terminal Taboão e do lado leste o Terminal 1 do Aeroporto de Cumbica). Como o impasse com a GRU Airport se manteve e a estação final ficava muito longe do terminal mais movimentando do aeroporto, a própria concessionária do aeroporto disponibilizou ônibus gratuitos que levassem os passageiros da estação até o Terminal 3, o mais movimentado. 
Como a linha em sí não tinha frota padrão, foram mandados para o começo das operações o modelo 9500 (Hyundai Rotem) que estavam em parte na linha 7-Rubi. Progressivamente os 9500 foram substituídos pela frota 9000 (Alstom) que se tornou frota padrão da linha, porém ainda em fase de planejamento das obras lá atrás, já fora licitado a compra de trens (em um total de 8) para a operação plena da linha. Na concorrência estavam a CAF (da família 7000. 8000); Hyundai Rotem (familia 9500) e a então CRRC Qingdao Sifang, uma empresa chinesa que no seu país de origem fabrica trem para metropolitanos e até trem bala. O contrato da chinesa, embora bilionário, foi o mais barato em relação as concorrentes, R$ 316,7 bi. A CRRC Qingdao Sifang nasceu de uma fusão de outras empresas fabricantes de trens, como a CSR Corporation Limited e a CNR Corporation Limited (para quem não sabe, a CNR foi a fabricante da frota 3000 da Supervia, no Rio de Janeiro). E vale uma nota também: a CRRC venceu a licitação para o fornecimento de trens para o Metrô de Chicago. A nova frota será denominada 7000 e vai substituir o modelo 2600 da nossa tão conhecida The Budd Company, que é do começo dos anos 1980.

Modelo 7000 da CRRC para o Metrô de Chicago
A nova frota foi denominada 2500 e como não há uma numeração maior que a frota 9500 da CPTM, o novo lote entraria ali no meio da frota 2100 e da frota 2700. O novo trem em sí apresenta particularidades como bagageiros elevados e porta-malas em chão, para bagagens de grande volume além de ser gangway (passagem livre entre os carros) e um detalhe pouco conhecido é que, cada porta tem um botão que acionado isoladamente, abre independentemente da operação da cabine, claro quando o trem estiver parado na plataforma (esse sistema é notado no VLT da Baixada e no VLT do Rio de Janeiro) porém a CPTM aboliu por hora o funcionamento isolado das portas. No mundo afora, o Metrô de Paris tem esse sistema de portas individuais em seus trens antigos, porém ainda acionado com maçaneta. 
Em fevereiro de 2020, foi entregue o primeiro trem da linha, de matricula 2501-2504 e começou operando de forma gradativa. Vale notar que a linha tem três serviços que atende o aeroporto: Comum (saída na Estação Engenheiro Goulart até Aeroporto-Guarulhos); Connect (saída da Estação Brás em horário pré-determinado com paradas na Estação Tatuapé, Eng. Goulart e nas demais estações da linha) e por ultimo o Airport Express (partidas em horários programados na Estação Luz até a Estação Aeroporto-Guarulhos sem parada), sendo essa ultima, cobrada tarifa diferenciada. Quanto ao impasse da ligação da estação até o terminal principal do aeroporto, o governo estadual decidiu que faria uma mini trem na espécie de People Mover (um mini trem movido por propulsão pneumática de extensão curta que serve para ligar dois locais distintos em um curto tempo) muito utilizado em sistemas em que tem ligação de aeroporto para alguma localidade mais perto, na cidade de Porto Alegre há uma ligação deste tipo, por exemplo.
People Mover para o Aeroporto de Oakland, CA


Linha 13-Jade com integração com a CPTM e a Emtu. Fonte: CPTM

Sendo assim a linha exibe ainda uma baixa demanda de operação (muito devido a sua construção também que não tem ligação direta ao terminal principal do aeroporto e sendo mais usado pela população guarulhense, mais por causa dos dois terminais de ônibus e da rodoviária que se encontram colado a estação (sendo mais útil para isso). Com a idéia do People Mover, provavelmente a demanda terá um aumento mais considerável na demanda e assim a linha 13 não será uma dor de cabeça constante aos governantes que tem que administrá-la.

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